De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. No Brasil, a atenção em saúde mental oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido direcionada, basicamente, ao complexo mundo das pessoas usuárias de droga, havendo pouco investimento para atender as demandas de outros públicos, como é o caso daqueles que foram atingidos por desastres naturais.
Noutro giro, é possível perceber que, mesmo em escala mínima, a psicoterapia e as terapias alternativas começaram a ganhar espaço na política de saúde pública nacional, o que permite à SecMulher/PE ofertar tais meios à melhoria da qualidade de vida de seu público direto, qual seja: as mulheres que residem no estado de Pernambuco.
Dessa forma, do ponto de vista mais teórico, observa-se que o atendimento psicoterapêutico e as terapias alternativas, também conhecidas como práticas não convencionais em saúde (PNCS), práticas complementares, integrativas ou holísticas (SOUZA; LUZ, 2009), têm seu surgimento e o estopim de seu crescimento e desenvolvimento em meados de 1960, sendo um ponto importante na conhecida contracultura da época, quando se buscavam novas visões em terapêutica (CAMPBELL, 1997; LUZ, 1997; QUEIROZ, 2006), e essa cultura trans e interdisciplinar foi ganhando adeptos ao longo dos tempos. Para Marques et al. (2011), sua capacidade de aderência holográfica no tratamento tem despertado a atenção e o interesse da população em geral, o que levou líderes governamentais, entre estes a Organização Mundial da Saúde (OMS), a se atentarem e investirem na implantação destas na saúde pública brasileira (TELESI JUNIOR, 2016).
O crescimento no interesse populacional pela psicoterapia e pelas terapias alternativas ocorre em razão da busca por novas formas de aprender e aplicar saúde ou, ainda, pela insatisfação popular com os métodos de saúde tradicionais (LUZ, 1997, 2003; BATES, 2000), sendo influenciadas também pela mudança no entendimento dos conceitos de saúde e doença no processo cultural em permanente mudança. Telesi Junior (2016) afirma que esse crescimento é uma expressão de um movimento popular, pois se aproxima da cultura que se opõe à visão altamente tecnológica existente na saúde, caracterizando-se por uma linguagem interdisciplinar, contendo uma grande quantidade de recursos que contribui para a integração disciplinar. Segundo Medeiros (1997), a psicoterapia e as práticas alternativas trabalham em contribuição com os profissionais que atuam na área da saúde por meio da prevenção e repadronização das metodologias, a fim de melhor orientação quanto ao papel do paciente no processo de tratamento.
A população em geral que fazia uso dos serviços prestados pelo SUS também começou a fazer uso dessas práticas. Essa busca chamou a atenção de poderes governamentais, e, assim, a OMS acabou denominando as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI), aumentando o número de práticas reconhecidas para se trabalhar no SUS, contemplando, portanto: Homeopatia, Acupuntura, Ayurveda, Naturopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Crenoterapia, Reiki, Yoga, Arteterapia, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Shantala e Terapia Comunitária Integrativa, sendo 19 práticas que garantem a integralidade nas possibilidades terapêuticas oferecidas aos usuários (CONGRESSO INTERNACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES E SAÚDE PÚBLICA, 2018).
A implantação das práticas alternativas (PA) no Brasil realizou-se em 2006, pela Portaria nº 971, que em vigor aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, reconhecendo a utilização de Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia e o Termalismo Social/Crenoterapia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Podemos perceber, portanto, como a ciência tem avançado nos últimos tempos, pois suas áreas e âmbitos de aplicação têm aumentado cada vez mais, passando por uma mudança de seus padrões estabelecidos até então, existindo o surgimento de vertentes holísticas já inseridas e reconhecidas na esfera científica. Tais mudanças paradigmáticas envolvem as demandas contemporâneas que vêm surgindo, e a ciência psicológica acaba sendo englobada nessa necessidade de modificação nos padrões de pesquisas a que se dedica.
Dentro do campo da Psicologia, Marques (2000) vê o movimento das práticas alternativas como uma espécie de efeito da pós-modernidade e das mudanças mundiais que vêm ocorrendo no campo da ciência psicológica. Dessa forma, as práticas alternativas têm tido bastante destaque dentro das ciências, principalmente da psicologia, o que levou o conselho fiscalizador da ciência a abrir debates e discussões quanto à sua veracidade, havendo discursos de defesa de profissionais psicólogos que atuam com terapias alternativas, dando maior veracidade à prática das terapias alternativas em conjunto com a psicoterapia (TAVARES, 2003).